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Este é um exame da Bíblia e da ciência moderna, com foco em três temas selecionados: a ordem da criação, as datas da criação e o dilúvio de Noé.
Gênesis detalha a ordem bíblica da criação (em uma cronologia aproximada, conforme o capítulo 1)
Sinopse
Esta seria a listagem da sequência da criação, segundo a Bíblia:
Primeiro dia: Havia a terra e o céu, escuridão e água. Deus então criou a luz.
Segundo dia: O firmamento (o domo/o arco/a expansão do céu) foi construído. .
Terceiro dia: A terra surge à medida que as águas se agrupam em oceanos. A vegetação e as frutas aparecem.
Quarto dia: O sol, as estrelas e a lua são instalados como “luzes” no firmamento (Gên. 1:16).
Quinto dia: As aves aladas, as baleias, “as criaturas semoventes” das “águas em movimento”
Sexto dia: O gado, os seres rastejantes, as bestas da terra. E finalmente, o homem.
Dificuldades
1) Cientificamente, não se crê que a terra tenha existido desde o “começo” e em uma época antes das estrelas, conforme descrito no Gênesis. A terra ocorre relativamente tarde no universo (há cerca de 4,5 bilhões de anos). O “início” do universo teria ocorrido há cerca de 13,7 bilhões de anos.
2) A terra e a vegetação terrena produzindo frutos (Gên. 1:12,13) surgem no terceiro dia, antes das estrelas, do sol e da lua aparecerem no quarto dia (Gên. 1:16, 19). Organismos vegetais foram de fato descobertos recentemente em oceanos muito profundos (privados de luz), possivelmente subsistindo graças a nutrientes térmicos/de origem vulcânica. Contudo, os vegetais que produzem frutos, descritos em Gênesis, provavelmente não teriam sobrevivido sem a luz do sol (principalmente se os dias não tinham 24 horas, e sim períodos mais longos) – apesar de que talvez a “luz” e a “escuridão” possam “de alguma forma” mantê-los? A ciência moderna atualmente acredita que as estrelas, o sol e a lua se desenvolveram antes da vegetação e dos frutos na Terra.
3) Não está claro como o “dia e a noite” na forma física podem existir na terra (Gênesis 1:4-5) antes do sol (Gênesis 1:16). Em última instância, o “dia e a noite” são normalmente gerados pela interação da luz do sol com a rotação da terra em torno de seu eixo.
4) Há uma contradição no Gênesis quanto à ordem da criação. Gênesis 2:5-9 (a fonte “J” ou Javista) parece fortemente implicar a criação do homem antes da vegetação. Outra passagem de Gênesis (Gên. 1:12,13,16,19; fonte “P”) cita a vegetação antes do homem.
Datas da criação:
Cronologia bíblica
Uma análise de Gênesis e das genealogias em Lucas e Marcos, juntamente com outros autores cronológicos citados na Bíblia, comparados aos bastante conhecidos registros seculares, como a construção do primeiro templo, em torno de 965 AC, podem ser utilizados para estabelecer as datas da criação.1 Isto se coloca em justaposição contra o conhecimento científico atual para fins de elucidação, crítica e comentários.
1 A maior parte dos estudiosos da Bíblia cita o tempo por volta de 966 AC.
Linha do templo bíblica
Conforme Gênesis, o homem (isto é, Adão2) surge no sexto dia da criação3. Além do mais, Gênesis enseja a época de Abraão cerca de 2000 anos depois de Adão.4 Os estudiosos bíblicos, utilizando técnicas semelhantes, posicionam Abraão cerca de 2000 anos antes de Cristo.5 A criação, portanto, se situa em torno de 4000 AC ou há cerca de 6000 anos.6
2 Adão, o primeiro homem, também com base em Cor. 15:45 e 47
3 Sugere-se que os dias à época da criação não eram dias de 24 horas. Primeiramente, a palavra hebraica “yawm” pode ser utilizada para se referir a longos períodos. Em segundo lugar, o tempo é um conceito incomum. Isto se nota em 2 Pedro 3:8 e Salmos 90:4, versículos em que um dia pode levar mil anos. Este é um ponto perfeitamente válido e permitiria facilmente uma criação mais antiga sob condições normais. Infelizmente, há dois quesitos que dificultam para os cristãos argumentar para defender esse ponto.
Primeiro, outros versículos bíblicos qualificam explicitamente os dias da criação como dias normais – não como longos períodos. Ver especificamente:
Gênesis 1:5 Deus chama a luz de “Dia” e a escuridão de “Noite”; e há uma tarde e uma manhã no primeiro dia.
Êxodo 20:8-11: Lembre-se do dia de sábado para santificá-lo. Por seis dias trabalharás e farás a tua obra: Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teus servos, nem tuas servas, nem teus animais, nem teu estrangeiro que estiver dentro de teus portões: Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.
31:14-17 Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente será morta; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará, porém, o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente será morta. Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o em suas gerações por avença perpétua. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se.
(O contra-argumento apresentado para isto foi que os dias representam “unidades de trabalho” e não dias de 24 horas.)
Uma possível segunda razão, talvez o mais espinhoso, teologicamente falando, está citado nos seguintes versículos:
(Veja também Romanos 8:22)
Romanos 5:12: Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens e por isso, todos pecaram:
I Cor. 15:21-22: Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.
Havia morte e aflição antes de Adão? Como isto afeta a noção da morte (física) surgindo devido ao pecado? Havia morte e aflição antes de Adão? É difícil que a morte não ocorra por milhares de anos. A ciência, com base em camadas consistentes de fósseis-índice nos estratos sedimentares sugere que vários exemplares de várias espécies morreram ates do advento do ser humano). Além disto, a limitação (com o tempo) desses estratos pela intrusão de diques ígneos e a presença de leitos de cinzas vulcânicas permitiram que a datação radiométrica estabelecesse os limites superior e inferior das datas absolutas de diversos estratos. Estratos individuais comprovaram, desta forma, cobrir vários milhares de anos. Veja uma breve discussão sobre o assunto no artigo da revista US Geological Survey http://pubs.usgs.gov/gip/geotime/contents.html). Alguns dos seres vivos (fósseis) mais antigos conhecidos, fósseis estromatólitos (Austrália ocidental) também são de cerca de 3.500 milhões de anos atrás. Portanto, há diversas repercussões teológicas possíveis relacionadas ao pecado original, à salvação e à teoria da expiação, se seguirmos essa linha de raciocínio.
Devemos também perguntar sobre algumas traduções para o inglês do significado do Alcorão, que fala em seis “dias” de criação. (Observação: No Alcorão não existe a noção de Deus descansando no sétimo dia. Os muçulmanos rejeitam a noção contraditória de que O Onipotente precise de “descanso”). Deve-se notar que o termo árabe “yaum” também se refere a longos períodos, podendo a tradução facilmente referir-se a seis períodos em vez de seis dias. Portanto, esse problema não existe no Alcorão. Algumas pessoas tentaram forçar esse ponto com hadith questionáveis. Porém, os hadith questionáveis – como qualquer muçulmano sabe - não fazem parte dos fundamentos do Islã. Se um hadith em particular é comprovadamente não confiável, O Islã se mantém. Há, de fato, toda uma ciência islâmica para separar os hadith autênticos dos fracos e não confiáveis. Portanto, isto não é um problema para os muçulmanos.
4 Gênesis 5:3 (Adão e Set), 5:6 (Enos), 5:9 (Cainã), 5:12 (Maalaleel), 5:15 (Jarede), 5:18 (Enoque), 5:21 (Matusalém), 5:25 (Lameque), 5:28-29 (Noé), 5:32;11:10;7:6 (Sem), 11:10 (Arfaxade), 11:12 (Selá), 11:14 (Éber), 11:16 (Pelegue), 11:18 (Reú), 11:20 (Serugue), 11:22 (Naór), 11:24 (Terá), 11:26;11:32;12:4 (Abraão). Observação: Não há “lacunas” nessa leitura.
5 Há diversas maneiras de se chegar a esse número. Eis aqui uma aproximação rápida. (I Reis 6:1 cita o êxodo cerca de 480 anos antes do primeiro templo (950 AC – 480 AC = 1430 AC). Gálatas 3:17 cita a avença de Abraão com uma lacuna de 430 anos, ou 1860 AC, quando Abraão tinha 75 anos de idade (Gênesis 12:1-4), o que posiciona o nascimento de Abraão por volta de 1935 AC ou cerca de 20 séculos antes de Cristo. (O método mais comum compila o tempo da escravidão e a as idades dos patriarcas depois de estabelecer a data do êxodo em I Reis 6:1 e a construção do templo).
6 Observação: a variação das datas pode ocorrer, visto que há diversos textos e tradições bíblicas inconsistentes. Por exemplo, no Pentateuco hebraico, a criação é estimada em 4004 AC, porém, 5872 AC na Septuaginta grega, 4700 AC para os samaritanos e 4004 AC para a conhecida estimativa de Usher.
O raciocínio científico atual
(Uma amostragem de “relógios”)
Estimativas biológicas
As técnicas de datação genética sugerem que “Eva” teria vivido há pelo menos 6.500 anos. Estimativas exatas de tempo para “Eva” (ou a possível idade da humanidade) variam com base nos modelos e pressupostos e podem ser diferentes umas das outras.7 Essa técnica analisou a variação no DNA mitocondrial entre grupos etnicamente diversificados de indivíduos. (O DNA mitocondrial – ao contrário do DNA nucleico – é herdado apenas da mãe, que por sua vez o herdou de sua mãe, que herdou também de sua mãe, até se chegar a um ancestral materno em comum). Se não houver mutação, o DNA mitocondrial de todas as pessoas na população amostrada seria o mesmo (ou seja, o de Eva), porém, há mutações. Pressupondo-se uma taxa constante de mutação para justificar a diversidade do grupo amostrado,8 sugere-se um tempo extrapolado de um ancestral maternal em comum. Um número significativo de importantes cientistas acredita que o ser humano moderno tem pelo menos 100.000 anos de idade (e pode ser bem mais antigo).9 10
7 Essa área é instável atualmente. Fontes diferentes oferecem estimativas substancialmente diferentes. Algumas estimativas (utilizando determinadas premissas) podem indicar datas bem além dos 6.500 anos. Os interessados nesta área devem pesquisar as diversas fontes (particularmente as premissas) com cuidado.
8 Diversidade da amostra. Questões estruturais: O DNA mitocondrial (MtDNA) das mulheres que não têm filhas não seria passado ao MtDNA além de seus filhos, e seria passado fora do pool de MtDNA para sempre, a partir da primeira geração. Questões de amostragem: Exemplo extremo. Se as únicas pessoas vivas na terra fossem você e seus primos, uma amostra poderia não mostrar qualquer variação no MtDNA resultante de um ancestral em comum, com o tempo, em cerca de oitenta anos (p. ex., sua avó). Esse número é mais útil como limite inferior, em vez de um número absoluto para determinar uma “Eva mitocondrial” para os seres humanos em geral. Premissas sobre a taxa de mutação. Ela é constante? É “reversível” em curto prazo? etc.
9 Há uma contrapartida masculina à “Eva mitocondrial” (mais precisamente, um ancestral matrilinear comum mais recente). Esse ancestral masculino é o chamado “Adão cromossoma Y” (mais precisamente o ancestral patrilinear comum mais recente).
Os cromossomas Y que são transmitidos em linha direta de pai para filho são amplamente constantes, exceto por mutações aleatórias com o passar do tempo. Por exemplo, se uma taxa específica de alteração é assumida, as mudanças podem ser calculadas reversamente até se definir a data do ancestral mas antigo, como uma linha baseada em determinados pressupostos. Utilizando uma técnica semelhante às discutidas acima e determinadas premissas, o geneticista Spencer Wells determinou a data do ancestral mais antigo dessa linha de transmissão e com base em determinada amostra populacional, um certo número de anos. [Update: A New Addition (Atualização: um novo acréscimo) (Albert Perry) para a “população” analisada, pode aumentar dramaticamente a idade do “Adão cromossoma Y” – talvez muito além dos 140.000 anos].
Há diversos métodos que já foram utilizados para determinar a data de origem do ser humano. Atualmente, há cientistas que acreditam que os seres humanos modernos existem há pelo menos 100.000 anos. A escala de tempo real entre os diferentes cientistas pode depender dos métodos e evidências aos quais eles atribuem o maior peso e das técnicas e evidências a serem descobertas no futuro.
Alguns deles, que estão familiarizados com as teorias discutidas por geneticistas populacionais e biólogos moleculares, podem se basear em fatores como os genéticos, por exemplo (DNA/MtDNA, etc.). Ao examinarem o DNA/MtDNA, eles podem aplicar conceitos como a derivação genética e/ou os argumentos das simulações/análises combinatórias/estatísticas de Monte Carlo. Outros cientistas como arqueólogos, paleoantropólogos e paleoclimatólogos podem demonstrar mais interesse em nosso meio ambiente (por exemplo, registros de fósseis, isótopos em núcleos de gelo). Além disto, as premissas utilizadas em cada modelo podem causar impactos significativos nos resultados projetados. Portanto, todas as premissas (particularmente as ocultas ou implícitas) devem ser analisadas com cautela. Nem todos esses resultados podem coincidir com precisão e podem estar sujeitos a revisões. Em conclusão, essa área parece estar em uma espécie de fluência.
10 O uso generalizado dos termos “Eva mitocondrial” e “Adão cromossoma Y” é indevido. As técnicas discutidas de análise de DNA e do cromossoma Y não “comprovam” a existência do “Adão” e da “Eva” citados nas escrituras”. Por exemplo, é possível que os opositores sugiram que outras mulheres viveram na mesma época da “Eva mitocondrial”, mas foram dizimadas em eventos catastróficos e “Eva” sobreviveu. Entretanto, há diferentes teorias que citam a falta de diversidade genética dos seres humanos comparados a outras espécies e sugerem possíveis gargalos populacionais.
Geologia
Núcleos de gelo são semelhantes aos anéis de crescimento no tronco das árvores. A análise de núcleos de gelo demonstra pelo menos 30.000 “camadas de verão e inverno” que sugerem um limite mínimo de 30.000 anos de idade para a Terra.11
11 Wise (1998a:171)
Estimativas físicas
Técnicas de datação radiométrica utilizadas para estabelecer a idade do sistema solar: A datação radiométrica explora a decomposição de isótopos radioativos durante períodos chamados meia-vida, para registrar o tempo decorrido. Utilizando diversos métodos com isótopos (Ar-Ar, Rb-Sr, Sm-Nd) em diversos meteoritos diferentes, o limite inferior da idade do sistema solar foi estimado em cerca de 4,5 bilhões de anos.12 (Observação: O sistema solar em si foi formado consideravelmente mais tarde do que o universo.)
12 Mais recentemente, outra técnica, mais robusta, foi utilizada para estimar a idade do sistema solar. Três isótopos de chumbo (Pb-208, Pb-207, Pb-204) são utilizados em isocronia (ver http://www.talkorigins.org faqs on isochrone dating) para datação de amostras de terra e de meteoritos. Veja www.talkorigins.org faq on age of earth, para ver este tópico, bem como alguns exemplos de meteoritos com Ar-Ar, Rb-Sr, Sm-Nd. Outros pontos: As rochas terrestres, (“Faux Amphibolite” (Quebec)) apresentaram idade de 4,28 bilhões de anos utilizando isótopos de neodímio e samário. Os zircônios (Austrália ocidental) são mais antigos: 4.36 bilhões de anos.
Modelos da evolução das estrelas: Os aglomerados globulares contêm as estrelas mais antigas da galáxia. Utilizando modelos de evolução das estrelas para estudá-las, os cientistas determinaram a idade de determinadas estrelas entre 11 e 18 bilhões de anos, definindo novos limites possíveis para a idade do universo.
O modelo do Big Bang: Esse modelo é utilizado para explicar a recessão de todas as galáxias à nossa volta (deslocamento para o vermelho), a radiação de fundo em todas as direções, e ajuda a explicar a teoria da relatividade geral não estática de Einstein. Se “voltarmos a fita” da explosão do “Big Bang”, de seu estágio atual para a singularidade inicial, uma estimativa de idade do universo torna-se possível. Essa estimativa ainda pode variar, com base na densidade/geometria medida do universo (p. ex., ele é plano?) e fatores como sua composição real (p. ex., volume de matéria, “matéria escura e fria”, “energia escura”, etc.).
Dados do Satélite WMAP: As estimativas mais recentes da idade do universo foram apresentadas por novos dados do Satélite WMAP. Elas sugerem uma idade de 13,7 bilhões de anos.13
13 Ver “Age of the Universe” no site da Nasa: http://map.gsfc.nasa.gov/universe/uni_age.html
Conclusão a respeito das datas
Devido à limitação de espaço, apresentamos apenas amostras das ideias principais da ciência moderna; ainda assim, parece haver claras divergências entre a ciência moderna atual e a visão literal da Bíblia.
O dilúvio global (Noé)
Gênesis 6-8 cita o dilúvio global (Gênesis 6:5-8, Gênesis 7:19-23, Gênesis 8:9, Gênesis 9:12) ao qual Noé e os tripulantes de sua arca sobreviveram. Além disto, os marcadores bíblicos também podem posicionar esse dilúvio por volta do 600o ano de Noé (Gênesis 7:6) ou mais provavelmente em torno de 2200-2500 AC.14
14 Muitas formas de se chegar a essa conclusão. A mais rápida: Veja as estimativas anteriores da terra cerca de 4000 AC. Gênesis 5:3 (Adão e Set), 5:6 (Enos), 5:9 (Cainã), 5:12 (Maalalel), 5:15 (Jarede), 5:18 (Enoque), 5:21 (Matusalém), 5:25 (Lameque), 5:28-20 (Noé), Gênesis 7:6
Gênesis 7:19-24: E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos. Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos. E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. Assim foi destruído todo ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca. E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinquenta dias.
Dois pontos importantes podem ser deduzidos da narração de Gênesis: 1) Foi um dilúvio total do planeta; e 2) Todas as substâncias vivas [fora da água] se extinguiram na terra, exceto o que estava na arca. 15
15 Em contraste, a narração do Alcorão não é tão enfática quanto ao dilúvio ter sido mundial (nem quanto a datas específicas), ao contrário da narração da Bíblia, que facilmente dá ensejo a interpretações mais amplas do dilúvio de Noé, incluindo uma enchente local durante um período mais flexível, enviada tão somente contra os “malfeitores”, na região em que vivia Noé. Da mesma forma, os animais na arca podem ser facilmente interpretados como uma medida de sustentação durante o período do dilúvio local e por um breve período logo em seguida, e não como uma tentativa de se preservar todas as espécies do mundo..
O óbvio é de se admirar: como seria a pequena tripulação de Noé capaz de recolher, manter e conter amostras de todas as criaturas do mundo em uma arca com apenas 140 metros de comprimento, 23 metros de largura e 14 metros de altura (Gênesis 6:15), sem milagres?
Os arqueólogos encontraram evidências de enchentes locais, as mais conhecidas sendo talvez as descobertas por Woolley na Mesopotâmia (Ur).16 Não se sabe ao certo que dilúvio pode ter sido o dilúvio de Noé. Porém, mesmo aquele dilúvio em Ur foi um evento local e não global. Um dilúvio global teria deixado traços imensos de registros geológicos, que ainda não foram revelados.
16 Provavelmente por volta de 3500 AC. Outras enchentes locais com datas diferentes na mesma área incluem as que ocorreram nos arredores de Shuruppak e Kish.
Um dilúvio global (por volta de 2350 BC), conforme descrito na Bíblia, soa bastante improvável. Teria sido preferível permitir um conjunto de cenários menos restritivos e mais amplos para o dilúvio de Noé do que o da versão descrita na Bíblia.
Precauções
A ciência procura desenvolver modelos. Os métodos científicos adequados explicam os dados (inclusive novos dados) melhor do que os modelos que substituem, fazem previsões verificáveis e espera-se que limitem pressuposições/axiomas ao ponto em que as pessoas se sintam confortáveis. Por esses motivos, por exemplo, à medida que surgem novos dados ou pressuposições são questionadas, os modelos podem evoluir – embora geralmente não drasticamente. Desta forma, a ciência pode ser considerada – de certa forma – “fluente” e limitada (direta ou indiretamente) a dados comensuráveis. Infelizmente, essa dependência na qualidade dos dados nos lembra de um velho ditado: “Colhemos aquilo que semeamos.” Em outras palavras, se os dados e premissas são ruins, a análise será falha.
Para utilizar um experimento imaginário bastante simplista, vamos considerar a Terra. Antigamente, devido à localização fraca dos dados (p. ex. a capacidade de medição limitada primariamente a adivinhações intuitivas e precárias feitas visualmente) poderíamos ter concluído que o mundo seria plano. Hoje em dia, porém, podemos fotografar a terra do espaço. Os novos dados não dão sustentação a antigas deduções. O mundo obviamente não é plano. Uma mudança de paradigmas ocorreria nesse conjunto imaginário de experimentos.
Uma vez que os horizontes da ciência são constantemente redefinidos e uma vez que a ciência se limita a observações mensuráveis, a ciência é provavelmente melhor, em última instância, como confirmadora de algo verdadeiro do que para “desmentir” uma verdade alegada – mesmo que a verdade alegada não pareça estar muito correta. Finalmente, algumas pessoas podem simplesmente notar um grau generalizado de desconforto (uma vez que diversos modelos independentes são apresentados) entre uma leitura literal da Bíblia e uma declaração atual da ciência moderna.17
17 Não é nossa intenção afetar a razão emocional de qualquer pessoa; apenas apresentamos “estímulos à reflexão” e, em última instância, a meritocracia das ideias há de prevalecer. De nossa parte, permanecemos abertos a atualizações para esta seção e até mesmo sua eliminação.
(Este é um trecho do livro "É fácil compreender o Islã")
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